sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

MEMÓRIA



Walter Santos

ws@wscom.com.br

O colunista Walter Santos acumula a condição de jornalista, multimidia e diretor executivo do Grupo WSCOM - empresa pioneira no jornalismo na WEB a partir da Paraiba e responsável pela Revista NORDESTE, mais importante publicação circulando nas 9 capitais da região, mais SP, Rio e Brasilia.
Por que insistimos em Regredir?

Não sei qual dos sentimentos compartilho neste momento quando sou tomado de repercussões sobre a decisão do Folia de Rua de alterar seu percurso natural da Abertura – antes saindo do Beco da Faculdade de Direito passando pela Duque de Caxias, Praça Dom Ulrico, Ladeira da Borborema,
Rua da Areia até a Praça Antenor Navarro – tudo isso construído em meio a tantos anseios e convergências de revitalização do Centro Histórico.

Sinto tristeza, juro – uma melancolia danada que, como diz a canção, “parece algo como quem partiu ou morreu”.

Lembro, ainda quando da condição de presidente da API – Associação Paraibana de Imprensa, em noite memorável, em 1989, enfrentamos a dissidência de 5 Blocos, que queriam levar a abertura e tudo para a Praia de Tambaú, mas a grande maioria dos blocos optou pelo Centro Histórico iniciando a primeira noite desse trajeto até a Praça Rio Branco.

Tempos depois, anos depois, o crescimento do carnaval no Centro Histórico precisou ampliar o percurso para mais ruas até chegar a Praça Antenor Navarro – lugar ideal para a conclusão de nosso reencontro com o nosso passado.

Mas, ontem, por 1 voto apenas – nossos queridos blocos decidiram se curvar a um interesse menor, de mero capricho político mesmo para tirar o Varadouro e as ruas históricas de nossa cidade de nossa memória passando o desfecho ser na Praça Ponto de Cem Réis.

Devo, repito, exaltar que não tenho nada contra o prefeito Ricardo Coutinho e acho até que a reforma no Ponto de Cem Réis merece reconhecimento, mas quando ele incita seus assessores inclusive meu amigo querido Chico Cesar, Milton Dornelas, a interferir junto aos blocos modificando o percurso natural, o prefeito até ganha na queda-de-braço para dimensionar a bela obra da praça Vida de Negreiros, mas contribui de forma brutal para sepultar nossa verdadeira Folia de Rua pelas ruas históricas da cidade.

Não, Prefeito, não deixe que isso aconteça!

Vamos reforçar a Folia no Ponto de Cem Réis, mas o percurso precisa ser o mesmo de sempre, quando o Sr lembra na condição de vereador e deputado estadual saia pelas ruas sem admitir que a folia da cidade fosse atropelada por interesses políticos.

Precisamos manter o apoio à abertura, também no Ponto de Cem Réis, mas ainda é tempo de impedir a morte do verdadeiro percurso da Folia no trajeto em direção à revitalização da Praça Antenor Navarro!

Alias, o Bloco Cafucu na sexta-feira seguinte já se antecipou e vai para o Ponto de Cem Réis – o que é um especial e grande reforço ao ambiente revitalizado mas, insisto, prefeito, não deixem acabar com nossa única referencia de amor ao passado e à memória do centro Histórico.

Ainda há tempo de impedir o fim; temos todo o tempo para compatibilizar os interesses sem afetar nossa historia.

Sepultando o ACHERVO, como luta histórica

A crise política insana e destemperada a assolar nossa sociedade não só afetou a parte mais antiga da nossa historia, o Varadouro. Atingiu de cara outra referência de muito valor chamada ACHERVO – entidade constituída pela sociedade organizada, hoje, me parece dirigida pelo batalhador empresário Alberto Teixeira, porque significou levá-la para a sarjeta da historia pois de nada vale neste momento aos olhos dos que não reconhecem a luta.

Recordo-me bem porque fui o coordenador do Fórum que redundou num grande movimento de mobilização da sociedade junto aos órgãos públicos chamando a atenção para o Varadouro. Danado é quando pensávamos estar diante de novo momento proativo a crise política fez o Varadouro esquecido de tudo – quase de todos.

Pois bem, nesta sexta-feira acompanhei o pranto de Ednamay Cirilo por ver as lutas do Centro Histórico serem tragadas pela disputa degradadora porque não contempla o conjunto da sociedade, mas uma parte pequena do processo.

Quando todos os valores da ACHERVO são ignorados e colocados no chão é sinal de que estamos regredindo diante de uma briga contra-producente e que precisa ter fim.

Última

"A Folia não pertence a ninguém/

tá cada um na sua..."

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